Reprodução: gettyimages

Reprodução: gettyimages

Reprodução: gettyimages

Tem dias que a vida parece não ter lógica.

Falta prazer, falta viver, falta ar.

Chove tanto lá fora. Queria essa água toda em mim. Uma enxurrada que levasse meus pensamentos, que levasse essa minha prostração diante do mundo.

Há um desânimo glacial em mim.

Mas como diz Elis: é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre!

Mas como? Tem dias que a alma está vazia, falta voz, falta sonho, falta tudo.

Em outros dias há uma multidão dentro de mim... todos pensam, todos juntos. Tantas ideias me paralisam, me angustiam. E do nada, o Senhor Tempo surge em cena. Maldito tempo! Como um rolo compressor vai levando tudo que surge pela frente e lá fico eu, estendida no asfalto, sem força, sem ideia, sem mim.

Sei, não tenho tempo para sentir depressão, não sou digna dessa palavra. Tenho tanto. Parece blasfêmia, puro contrassenso. Mas sentir tristeza também é uma forma de estar viva, meio viva, mas viva... É humano.

Onde foi parar a minha paz? Respiro. Até sei onde encontrar. Dane-se! Quero poder ter um dia de chuva dentro de mim, um dia de tristeza. Hoje não quero posar de feliz e realizada. Danem-se as convenções, a sociedade e o politicamente correto. Quero ser apenas tristeza.

E se eu chorar, não me deem colo. Quero todo o meu sofrimento. Quero me dilacerar, me despedaçar, abusar da cartase final e renascer. É libertador!

Apesar de tudo, também possuo essa estranha mania de ter Fé na Vida.